segunda-feira, 6 de abril de 2020

- aluguel dois -


Sete e trinta e quatro da manhã
As primeiras sirenes ecoavam pela vizinhança
Duas viaturas foram atender o chamado do caseiro
Um corpo amarrado
Pernas e mãos para trás
Unidos por uma corda preta
Claramente tingida
O formato do corpo, um "V"
A forma em que fora amarrado era brutal
Alguns ossos certamente não aguentaram tanta pressão
Três perfurações
Uma do lado superior esquerdo da testa
Outra do lado superior direito da testa
Uma central, pouco abaixo do meio das sobrancelhas
Não houve a menor chance para reação
Não houve luta corporal
Não havia escoriações
Apenas três perfurações e alguns ossos quebrados pela amarração
Alguns cacos
Impossíveis de mostrar alguma digital
Muitos já estavam imersos no sangue que preenchia boa parte do local
O local do crime, uma varanda
Pouco espaço quadrado
Uma linda visão
Talvez apenas está visão poderia relatar o ocorrido
Vizinhos
Câmeras
Nada
Era como se um fantasma tivesse andado em meio a fumaça
A vítima
Manoel Ricardo
Um homem solitário
Morava sozinho
Sua esposa já o havia largado a anos
Seu único filho, morrera em um acidente automobilístico
Muito álcool na cabeça e um punho enfincado no crânio da outra vítima, sua namorada
Talvez tenha perdido o controle do carro ao desferir o golpe contra sua namorada
Manoel, jamais perdoou Elisa, a namorada de seu filho, o jovem Pedro Ricardo
Sua vida foi devastada depois da morte de seu jovem menino problemático
Pedro Ricardo era conhecido por problemas com álcool e brigas nas noites
Para muitos apenas menos um infrator no mundo
Para Manoel, a perda do seu mundo
Quando o agente da divisão de homicídios fechou o zíper da capa que cobria Manoel, já passava das dez e vinte e quadro da manhã
Talvez este fosse apenas mais um caso que devesse ser arquivado e deixado de lado
Talvez fosse...
Se algumas coincidências não começassem a ocorrer

DeLaRoja
06/04/2020

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