segunda-feira, 30 de setembro de 2013


A casa de dois andares permitia que o cheiro circulasse livremente por entre os cômodos
Seu despertador era o sol
Todas as manhã ele entrava pelas frestas da janela e tocava seu rosto suavemente
O canto dos pássaros a acompanhava em seu ritual diário
De pés descalço, ela colhia flores em seu jardim
Uma decoração simples na sala de estar
Sentada na mesa olhava para as outras cadeiras
Vazias
Um sorriso no canto da boca
Olhar baixo
Perdido entre os cabelos
Ela aguardava o toca em sua porta
Seu amado de volta
Sua roupa de combate suja
Seu olhar firme
Seu sorriso largo.!
Pegava a intimação
Uma ordem de apresentação
Levantava o olhar
E na parede a única coisa que voltara
Uma medalha como honra por lutar pelo seu país
Morrer por sua nação
Seu ritual de todas as manhãs durou anos
Os anos passaram
E seus anos acabaram
O sol já não tocava mais seu rosto
E as flores deixaram de ser colhidas
Ao encontro de seu amor ela partiu
Em uma doce manhã ela sorriu.!
Diogo Guedes
30/09/2013

Não busque em mim o que não pode dar
Não espere de mim o que nunca te deram
Não busque a perfeição que não temos
Não deseje os olhos azuis.. se os meus são pretos
Não deseje meu corpo
Se não tem a intenção de cuida-lo
Não faça parte da minha vida
Se não sabes por onde anda sua.!
Ame-me calada
Na surdina da noite
No cair do sol
Enquanto todos dormem
Aceite o que posso te dar..
.. como tudo que sempre desejou ter
Veja na minha imperfeição
A perfeição que tanto almeja
Veja a luz
No negro dos meus olhos
Fume um cigarro
Beba um gole
Acenda um incenso
Ande descalço
Segure minha mão
Venha comigo
Saia do nada
Te levarei a lugar nenhum
E sejamos felizes dessa forma
" eu não conheço todas as flores, mas vou mandar todas que eu puder"

Diogo Guedes
30/09/2013

- vida -


O espelho rachou quando olhei para ele
Foi estranho ver a minha imagem partida depois de tanto tempo
Será mesmo que ela estava partida só agora?
É como se o tempo todo a imagem que eu usava como reflexo não fosse o que eu sempre esperei ser
Desde os primeiros momentos nada foi fácil
Acostumado a um lugar úmido e escuro
A primeira experiência ao sair da minha "toca" foi ruim
A claridade em meus fracos olhos quase me cegaram
E minha frágil pele quase se cortou com a pouca umidade do ar..
Afinal, aqui existe ar?
A única coisa que queria naquele momento era minha "toca"
Mas aos poucos fui vendo que isso não seria possível
Um barulho me irritava
Aos poucos fui vendo que esse barulho vinha de mim
Meu choro
Choro da minha mãe
"Agressão" do médico
.. Deus que lugar é esse???
Cade minha "toca"??
Os primeiros passos não foram os melhores
Muitas quedas..
.. mas me levantei muitas vezes também, afinal ainda teria que cair mais algumas vezes
No colégio era zuado por todos
Acredito que devido a minha mente ser diferente da deles
O amor pelas linhas não me permitia ser "descolado" como todos
E a falta de experiência com a vida, fazia de mim uma presa fácil da vida
Guardas baixas, geralmente o "jab" era certeiro
O primeiro amor também não trouxe boas experiências
Foi a primeira vez que senti o coração acelerado
A primeira vez que quis arranca-lo
A primeiro fez que senti ódio
A primeira vez que dei um "jab"
A primeira fratura de punho
A vida nunca foi fácil
Mas como desde o inicio não foi assim, não esperava algo diferente..!
O companheiro veio tempos depois
A companhia duradoura
O amigo que não reclamava de nada
.. e melhor, escutava tudo
Algumas vezes até arriscava alguns conselhos
Nome simples.. Teor variado
O álcool me acompanhou por muito tempo
Criou inspiração para que o amor pelas linhas não ficasse escondido nas trevas de minha mente
As palavras vinham
A caneta tremia
O papel aceitava o contato
As linhas surgiam
E aos poucos minha vida era exposta
Pra mim, da forma mais linda possível
Descobri que meu amor era esse
O contato
- caneta, papel -
- dedos, teclado -
- músicas, ouvido -
Aos poucos me conheci
E conheci as pessoas..!
A vida realmente nunca foi fácil
Jamais será
Fácil seria se nascêssemos com roupa, sorrindo e com um copo de wiskey do lado..
.. mas a vida não era assim.!
Ao me olhar no espelho e ver o vidro quebrado, pude ver minha imagem distorcida
Sorri e fui seguir meu dia, afinal a vida nunca foi fácil.. E irei muda-lá a cada manhã.!

Diogo Guedes
30/09/2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

- verdades vs mentiras -


E se chegássemos a conclusão de que tudo que acreditamos, tudo que usamos de base para seguir fosse uma farsa.
Se olhássemos no espelho e víssemos o reflexo de outra pessoa ao invés do nosso, se dessemos conta de que esse espelho a tempos está quebrado e a imagem que ele nos passa não é a real.
Se provassem que viemos dos macacos ou de Adão e Eva, ou um misto de tudo isso?
Afinal existe verdade ou mentira?
Onde começa a verdade? No final da mentira?
Se nos falassem que Deus e o Diabo estão sentados em frente a um tabuleiro de xadrez com nossas almas como peças jogando e tomando um chá, acreditaríamos?
Seriamos mesmo pobres mortais, um rascunho de Deus, abandonados na Terra para sofrer, viver e morrer? Ou apenas um capricho da ciência originados de uma explosão?
Há vida após a morte? Ou apenas um sono profundo para a eternidade? Somos reais, ou realidade no sonho de alguém? Já passamos por isso em outras vidas? Certamente não lembraríamos.
Vivemos de "achismos".
Usamos de tudo para sermos fortes, e acreditamos no que queremos acreditar.
Não somos capazes de dar o primeiro passo sem olhar para trás e ver se vão nos segurar caso caiamos.
Nos alimentamos de mentiras para fortalecer nossas verdades. O medo de descobrir a verdade, faz com que acreditamos em mentiras. Afinal, é bem mais comodo acreditar no que conhecemos.
No fundo será que não somos mentira da vida?

Diogo Guedes
19/09/2013
.. eu já vi esse filme antes, não existe nada direito.. Devo ter dois pés esquerdo.!
Diogo Guedes
19/09/2013

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

- crack_cocaína_heroína -


Alguns trocados
É só o que peço
Tenho pressa em matar
O que há tempos me mata

Alguns trocados
É só o que te peço
Materei minha fome
Fome de loucura
Crack e Cocaína
Quem sabe até Heroína

Te dou arroz menino
Um agasalho lhe darei
Assim você parece um espantalho
Com cara de "Sarney"

Não quero arroz
Nem agasalho
Quero apenas alguns trocados
Vou matar minha fome
Fome de loucura
Já sinto até a doçura
Crack e Cocaína
Quem sabe até Heroína

A latinha está completa
E a vida repleta
Crack e Cocaína
E claro Heroína
Meu herói morreu assim
Só quero isso pra mim
Crack, Cocaína.. e minha bela Heroína.!

Tem alguns trocados?

Diogo Guedes
13/09/2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

- ex -


Eu vejo os "Mulequex"
Arma na mão e no pé um "Air Max"
Se acham o "T-rex"
Mas não passam de um fraco "Rex"
Só querem "Rolex"
Para vender e gastar tudo com "Jontex"
Ir pro baile e brisar no "Funkex"
Colar nas minas igual "Durex"
Quem sabe não levar pra casa e fazer "Surubex"
Vão continuar com fome.. Se quiser comer só "Marmitex"
.. não passam de um fraco "Rex" (pex.. pex..)

- Alusão a Criolo - Grajauex -


Diogo "Guedex"
12/09/2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

- quase -


Quase consegui
Quase cheguei lá
Quase venci
Quase tive motivos pra sorrir
Quase tive motivos pra cantar
Quase tive motivos para festejar
Quase plantei uma árvore
Quase fiz uma boa ação
Quase soquei o mundo
Quase o mandei explodir
Quase explodi.!
De novo esse quase, quase me deixando louco..!

Diogo Guedes
11/-9/2013
Complete meu copo
Até cair delicadamente
.. cair e escorrer até molhar o branco pano de mesa
Quero passar minha língua suavemente no contorno do copo
Sentir o gosto de minha bebida
Antes mesmo de bebe-la
Deixe a garrafa comigo e vá
Quero ficar comigo
Só por hoje
Apenas por hoje quero minha companhia
Conversar sobre como foi meu dia
E como será minha noite
Quais meus planos para o dia seguinte
E quem sabe para o futuro..!
Vá e feche a porta
Não quero ser interrompido
Antes de ir, deixe-me um espelho
Quero me ver
Me apreciar
Me deliciar comigo mesmo
Afinal nada mais do que eu mesmo para me entender
De amar e odiar
Me destruir
Quando eu acabar eu te chamo
Para mais uma rodada
Uma dose comigo mesmo

- abro os olhos e me deparo comigo em frente ao espelho.. e começo a brincadeira novamente -

Diogo Guedes
11/09/2013

- nada -


O café amargo era o mais doce que sua vida podia ter naquele momento
O líquido escuro e frio em seu copo era o mais quente e claro que sua vida tinha
E o cheiro de velho o melhor perfume em suas narinas
Seu olhar vago, olhava pro nada
E esse nada era o seu tudo naquele momento
Era tudo que sua vida representava.. NADA
Era tudo que seus sonhos eram.. NADA
Era tudo que ele queria pra chamar de seu.. NADA
E melhor, era tudo que ele sempre fora.. NADA.!
A cafeteria na frente de seu quarto era comoda
Nada do que ele não precisasse..
Tudo ele encontrava ali
Uma cadeira, uma mesa, um café
e só
Passava horas ali sentado, olhando sempre para a mesma direção
A direção que sua vida tomara
E olhos abertos não conseguia enxergar nada
Olhos fechados para ver tudo
Nada o tirava de sua transe
Ele estava preso em sua própria mente
Junto com seus próprios demônios
Criamos apenas por si mesmo
Esse era ele.. O melhor que consigo ser.!

Uma cadeira, uma mesa, um café e mais NADA
Era o seu tudo.!
- a incógnita -

Diogo Guedes
11/09/2013

... e o que fazer é simplesmente encher nosso copo da vida
com a mais doce ilusão de que somos algo
de que seremos algo
de que atingiremos algo
só assim acordaremos todas as manhãs com aquele entusiasmo
aquela vontade de realizar tudo
aquela vontade de conquistar tudo
e iremos dormir com o sentimento de "amanhã eu consigo"
doce ilusão.. apenas bebemos o que colocamos no nosso copo
o doce líquido da ilusão.

Ande em círculo e verá que sempre estará no mesmo lugar.!
.. um grande soco nessa cara de panaca pintada no espelho..!

Diogo Guedes
11/09/2013

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

- seu, minha -

Facilmente eu faria tudo
Facilmente eu não faria nada
Poderia passar horas ativo
Ou simplesmente horas deitado..
.. pensando na vida
Ou apenas olhando pro teto
Cantando..
Ou nada mais que apenas ouvindo
Faria caretas nas fotografias
E bagunçaria seu cabelo
Te chamaria de gorda
E logo em seguida te daria um doce
Te mandaria embora
Segurando em sua mão para ficar
Apagaria a luz
Mas sempre com o abajur ligado
Dormiria no escuro
Mas com a porta aberta.!
Não iria querer nada
Apenas você
Que mudou a cor do meu dia
Da minha noite
O som das minhas músicas
As letras de meus textos
Que bagunçou organizadamente minha vida a seu modo
O modo que quero pra mim
Que escolhi para ser meu
Obrigado por me aceitar como seu.!
Diogo Guedes
04/09/2013