quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

- última linha do caderno -


Quando penso que encontrei meu lugar, não me encontro dentro dele
Acho que não precisa ser assim, tudo igual
O fim não precisa ser amargo
Na verdade o fim pode não existe
O fim é apenas um ponto final que colocamos em um texto que não queremos mais ler
Mas por que ao invés de colocar o ponto final, não colocarmos uma virgula?
Isso mesmo, uma virgula
Só assim poderemos continuar escrevendo e quem sabe achar o melhor para essa história
Prefiro histórias sem ponto final
Nunca pensei que o fim pode ser a solução para nossos problemas
Nunca pensei que o fim possa ser bom
Nunca pensei que o fim pode de fato ser um fim
Vejo o fim como uma arma contra a cabeça
Basta apertar para se livrar da dor
Mas de fato você quer apertar?
Não sou o cara ideal
Longe disso
Prefiro ser aquela última linha do caderno
Aquela que muitos não escrevem
Aquela que quem escreve precisa virar o caderno
Aquela linha esquecida ao fundo
Só aquela linha
Sou aquela linha
Prefiro assim, se existir palavras em mim é porque fui notado
Se não, simplesmente passei sem que me visse
Não sou de fato o cara ideal
Mas nunca fui um copo meio vazio
Muito menos meio cheio
Ou estou cheio
Ou estou vazio
Prefiro assim
Ou me tem
Ou não me tem
Não existe meia vida
Meio amor
Meia companhia
Meio beijo
Meio abraço
Não trabalho com metade
Nunca darei metade
A partir do momento que estou
Estou por inteiro
Acho melhor assim
Prefiro transbordar do que faltar
Por falta nunca serei lembrado
Vivo por excessos
Excesso de amor
Excesso de amigos
Excesso de palavras
Excesso de excesso
Que o excesso nunca falte
E sei que nunca faltará
Esse sou eu
Minha verdade
Minha mentira
Minha dor
Minha felicidade
Minha tristeza
Meus poros
Sou Chico Bento em tempos
Sou Florice Bonita em outros
As vezes sou apenas eu
As vezes sou você
As vezes só a última linha do caderno
Limpa e sem palavras
Mas pronto a ter novas palavras
Hoje apenas eu

Diogo Guedes
13/01/2016

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