segunda-feira, 4 de maio de 2020

- de leminski... toda poesia -


ópera fantasma - (p. leminski_página 278)

Nada tenho.
Nada me pode ser tirado.
Eu sou o ex-estranho,
o que veio sem ser chamado
e, gato, se foi
sem fazer nenhum ruído.

O dia rendeu um pouco de leitura no meu empoeirado Leminski
O dia rendeu uma névoa cinza durante todo o momento em que permaneci acordado
A garganta continua doendo
Minhas coisas não ditas seguem aqui... paradas
Nenhuma enfermidade daqui
Talvez alguma da alma
Hoje ela sentiu-se pesada
Depois de várias semanas, sinto o corpo desregulado com o eixo da minha mente
Neste momento tudo vem em excesso
Os pensamentos
O álcool
A falta de inspiração
A corda amassada aos meus pés, me puxando para baixo
Como Leminski já dizia "nada tenho. nada me pode ser tirada..."
Me sinto um fantasma
Deixando a cena sem ser notado
Vendo as cortinas a sua frente se fechando novamente
Sem ser avisado
Sem uma conversa digna
Apenas sendo fechada
Parto novamente
A força
Sem querer partir
Sem ruído
Como se nunca tivesse existido
Talvez realmente não tenha
Um fantasma que caminhou achando que existia
No final, apenas um fantasma

Diogo Guedes
04/05/2020

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